Reforma Tributária: Como será a transição dos tributos?
O desafio do sistema tributário brasileiro atual
A complexidade da carga tributária no Brasil sempre foi um obstáculo para empresas, investidores e o próprio crescimento econômico. São inúmeros tributos, regras sobrepostas e sistemas que variam conforme o estado e o município.
Essa multiplicidade não só dificulta o cumprimento das obrigações fiscais como gera insegurança jurídica e altos custos operacionais. Diante disso, a Reforma Tributária surge como resposta a décadas de ineficiências.
Por que a mudança era urgente?
Imagine administrar uma empresa que precisa calcular tributos diferentes para cada etapa da cadeia produtiva, lidando com sistemas distintos de ICMS, ISS, PIS, Cofins e IPI. Isso gera:
- Alto risco de erros e autuações;
- Perda de competitividade internacional;
- Impossibilidade de planejamento tributário eficiente;
- Custos elevados com contabilidade e TI fiscal.
Sem um sistema claro, transparente e não cumulativo, o Brasil seguia sendo um dos países com a maior carga e complexidade tributária do mundo.
A solução proposta: IBS, CBS e o novo sistema unificado
A Emenda Constitucional nº 132/2023 e o PLP 68/2024 instituem um novo modelo baseado em tributos sobre valor agregado, inspirado em práticas internacionais. Ele é estruturado em três pilares:
1. CBS – Contribuição sobre Bens e Serviços
Tributo federal, que substituirá PIS, Cofins e IPI. Terá incidência sobre o valor adicionado e será totalmente não cumulativo.
2. IBS – Imposto sobre Bens e Serviços
Tributo de competência compartilhada entre estados e municípios. Substituirá o ICMS e o ISS, também com base no valor agregado.
3. Imposto Seletivo (IS)
Novo imposto federal aplicado sobre produtos que causam impacto à saúde e ao meio ambiente (ex: cigarros, bebidas alcoólicas, combustíveis fósseis).
O que acontecerá com os impostos atuais?
A nova legislação prevê a extinção gradual dos seguintes tributos:
- PIS e Cofins: substituídos pela CBS;
- ICMS e ISS: substituídos pelo IBS;
- IPI: será zerado, exceto para produtos da Zona Franca de Manaus;
- IOF/Seguros: também será extinto.
Como será a transição até 2033? Ano a ano
A transição será feita de forma gradual e segura, garantindo estabilidade fiscal e adaptação do mercado.
2026 – Fase de testes
- Alíquota simbólica da CBS: 0,9%;
- Alíquota simbólica do IBS: 0,1% (0,05% estadual + 0,05% municipal);
- Testes operacionais sem impacto real na arrecadação.
2027 – Entrada em vigor da CBS
- CBS substitui PIS e Cofins;
- IBS mantém alíquota simbólica;
- Imposto Seletivo (IS) começa a ser cobrado;
2029 a 2032 – Transição do ICMS e ISS para o IBS
- Redução de 10% ao ano dos tributos ICMS e ISS migrados para IBS, em 2030 redução de 20% e assim em diante com aumento proporcional do IBS.
2033 – Novo sistema entra em vigor
- Extinção total do ICMS e ISS;
- IBS e CBS tornam-se os únicos tributos sobre consumo.
Manutenção da carga tributária
Para evitar aumento de carga, o Senado definirá alíquotas de referência anuais com base em:
- Eliminação de tributos antigos;
- Ganhos com o Imposto Seletivo;
- Tratamentos diferenciados;
- Efetividade da fiscalização e combate à sonegação.
O que as empresas devem fazer agora?
A preparação para a Reforma Tributária deve começar imediatamente. Ações recomendadas:
- Atualizar o ERP para novas exigências fiscais;
- Mapear créditos de PIS, Cofins, ICMS e ISS acumulados;
- Revisar contratos e estratégias de precificação;
- Treinar equipes fiscal, contábil e comercial.
Um novo ciclo de simplificação e transparência
A Reforma Tributária representa uma revolução no sistema fiscal brasileiro. Apesar dos desafios, sua implantação trará mais previsibilidade, justiça tributária e competitividade internacional.
Quem se preparar agora estará à frente.
Quer saber como sua empresa pode se preparar para a Reforma Tributária?
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Fonte: LCP 214, EC 132, Tramitação do PLP 68, Nota técnica alíquotas 23/08/2024.


